Entendemos oportuno propor uma classificação das situações de vulnerabilidade em três tipos: vulnerabilidade existencial, social e moral. A existencial se origina da condição de fragilidade inerente à existência humana, de cada ser vivo, e do próprio planeta. No âmbito da realidade humana as situações de vulnerabilidade existenciais são as que ocorrem independentemente dos contextos sociais, econômicos e culturais. Já a vulnerabilidade social se origina das estruturas políticas e econômicas, não raramente construídas por um processo histórico injusto que cumulativamente direciona favores e privilégios a determinados grupos à custa de negar os mesmos favores e serviços a outros grupos sociais. Diante da vulnerabilidade social o ser humano se depara com a injustiça social com fortes implicações econômicas, ideológicas e com apelo ao engajamento político. Por fim, a vulnerabilidade moral surge do processo cultural, que impacta sobre a nossa construção de visão do mundo e escala de valores. Na construção de visão do mundo, além da posição social das pessoas, há muitos outros fatores que impactam fortemente como a religião, o costumes, a arte. Dessa forma, as situações de vulnerabilidade moral são mais difíceis de serem percebidas, pois são alimentadas pelas convicções humanas e por isso são muitas vezes negadas como vulnerabilidades.
Mário Antonio Sanches (Editor),
Bioética e Vulnerabilidades
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