Mas há ainda uma pergunta que precisa ser feita: pode-se falar de um “Édipo de Foucault”? Provavelmente não, exatamente porque o propósito do pensador francês era o de, por um lado, desmitificar o drama sofocliano, libertando-o de qualquer forma de interpretação universal, para, por outro, compreendê-lo como a história do complexo sistema de coações que sustenta, desde a Grécia, o discurso sobre a verdade no Ocidente. Mas é inegável que, mantendo um diálogo sólido e criativo com um conjunto de estudiosos clássicos da peça – alguns deles seus interlocutores diretos –, é possível colocá-lo, com Corneille, Voltaire, Hegel, Nietzsche, Hölderlin, Freud, Lacan, Heidegger, Borges, Deleuze, no rol dos grandes comentadores da mais importante tragédia de todos os tempos. E o que talvez, finalmente, ele nos proponha é revisitar constantemente essa milenar obra fundamental para que possamos, ao melhor estilo foucaultiano, realizar uma constante e necessária ontologia do presente!
Foucault e Édipo-Rei: leituras
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